terça-feira, 31 de maio de 2011

Pensar global, agir local: com o corpo

Já deve ter ouvido a frase: pensar global e agir local.

Este lema muito difundido por ambientalistas foi consagrado na Rio-92, importante conferência  a qual dentre outras coisas, também elegeu a Agenda 21 global : instrumento norteador a viabilização do desenvolvimento sustentável (vale o acesso, caso não conheça).

Mas, retomando... 

Antes sempre associada ao tema ambiental, a frase ganha outras dimensões e novos territórios de acordo com a interpretação, prevalecendo a essência do significado: não perder a noção do todo, atuando em parte. 

Impossível não associá-la ao corpo. 

Utilizando ou trabalhando partes do corpo em determinada atividade física,  otimizamos ganhos e diminuímos o risco de lesões e problemas futuros, quando não perdemos a atenção da estrutura toda.

E isto serve para qualquer prática física (esportiva, lazer) ou atividade da vida diária (calçar sapatos, apanhar objetos no chão, etc). 

Vamos a um exemplo comum no dia a dia: ao pegar um objeto pesado com uma das mãos, ou mesmo carregar sua bolsa no ombro, observe como se comporta o resto do seu corpo: o quanto um ombro se abaixa, enquanto o outro se eleva, num jogo de compensação de peso. E isto só para começar, pois podemos pensar nas compensações do tronco-coluna, coxo-femurais, joelhos e até mesmo nos pés de um lado e outro. O corpo inteiro passando por adaptações acionadas pelo peso (quanto mais, maiores adaptações).

Mas, quantos de nós somos capazes de dar conta de todas as alterações citadas? E isto é necessário? É preciso saber sobre as questões bio-mecânicas?

Não, necessariamente. Mas, pense como pode se beneficiar se estiver um pouco mais atento a como todo seu corpo se comporta, principalmente em situações pouco favoráveis, como ao abaixar ou "estender-se" todo a fim de alcançar algo.

Em sua "ação local", pense em todo esforço e nas consequências que o corpo inteiro colherá nesta atividade.

E depois, se chegar a conclusão que se desgastou além do necessário, ou se comportou como um acrobata inconsequente, imagine como pode fazer melhor... poupando enérgia, protegendo-se de acidentes, evitando desgastes articulares e dores musculares.

Assim, pode acontecer no cotidiano, à princípio de forma mais consciente, e depois num caminho bem mais sútil e natural.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Corporeidade

Existe uma área de conhecimento em que o corpo ocupa o centro das experiências, sensações e criações, visando aspectos da globalidade do ser e do auto-conhecimento. Refere-se à corporeidade.

Trata-se de perceber o espaço ocupado pelo corpo, habitando e reconhecendo-o em suas várias perspectivas.

É a capacidade do humano sentir e utilizá-lo como ferramenta de manifestação e interação com o mundo. Vivenciar o mundo.
 
E quanto mais frequente e intensa a experiência, melhor nos (re)conhecemos e podemos tirar proveito desse corpo, desse instrumento...

Recurso que nos personifica e oferece meios para realizarmos o que necessitamos.

Esqueça a visão mecanicista e superficial dada ao corpo.

Tão limitante é enquadrá-lo numa forma estereotipada, seguindo a moda da vez, sem que ao menos perceba e reconheça o preço pago pela ditadura da "beleza".

Tão limitante é impor práticas físicas que exaurem articulações, levando a encurtamentos musculares severos, causando desequilibrio a sútil relação entre músculos agonistas e antagonistas. 

Tem certeza que o fortalecimento e alongamento que realiza em sua prática está na medida para manter a harmonia em todo conjunto? 

Mais do que gostaria, me deparo com situações em meu dia a dia de trabalho, em que a musculação causou grandes descompensações biomecânicas. Não pretendo execrar essa prática física, mas é preciso que se reconheça o tênue equilibrio dinâmico entre a estrutura osteo-músculo-articular. 

Vale o príncipio da atenção e  precaução sempre.

Escolher a prática física que traz bons frutos para seu corpo e lhe dá prazer pode ser um pouco trabalhoso. Mas, não deixe de se auto-perceber e avalie, reavalie... questionando se o que escolheu como atividade lhe traz bem-estar, enérgia, resistência, amplia possibilidades para se mover, traz naturalidade aos seus movimentos, gestos, posturas. 

Aposto na informação, autonomia e responsabilidade como grandes aliadas a favor da corporeidade... da experiência de vivenciar o mundo, o planeta... construindo-se um Corpo Sustentável. 


terça-feira, 10 de maio de 2011

Corpo Travado

Quem já não ouviu ou passou pela situação de sentir a "coluna travar", o "corpo travar". O chamado "mau-jeito". Situação comum, mas nada confortável.

De forma geral, a dor atinge principalmente os músculos que se inserem nas vértebras, ou seja, os músculos para-vertebrais. Ficam inflamados, rígidos e contraturados.

E o que se inicia em uma parte da estrutura, se amplia e o corpo todo se ressente. Os braços limitam sua movimentação, o mesmo acontecendo com as pernas. Observe a marcha, o caminhar de alguém acometido pelo infortúnio: passos curtos, inseguros, braços e cabeça com pouco balanceio.

Na coluna vertebral se inserem potentes músculos excessivamente tônicos e fortes (sim, é assim nossa fisiologia), que agora encontram-se inflamados e vulneráveis.

Desta forma, mais do que a força são necessários outros requisitos para garantir uma estrutura saudável: o alongamento das próprias fibras musculares, a flexibilidade das articulações... enfim a harmonia de todo conjunto ostéo-músculo-articular envolvendo: coluna-tronco, membros superiores, inferiores, cabeça.  Aqui como na vida, uma andorinha só, não faz verão.  

Mas, por que é tão comum pessoas serem acometidas por problemas que envolvem a coluna vertebral?

A resposta passa pela somatória de fatores que se relacionam a hábitos nocivos em nosso cotidiano, levando a situações que nos imobilizam transitoria ou definitivamente.

Posturas inadequadas ao sentar, ao andar, desde as "largadas", em que o abdominal quase não exerce seu papel postural, às excessivamente rígidas são um bom começo para começarmos o questionamento.

Também a imobilidade no dia a dia (já tratada aqui no blog), nos restringindo na forma e na ação. Nenhuma atividade física  será totalmente efetiva se ficar horas e horas seguidas imobilizado a frente do computador, por exemplo.

Esforços excessivos, além do que o corpo suporta são bons causadores de lesões agudas...

É preciso alternar, compensar sistematicamente: imobilidade/mobilidade, esforço/repouso, mantendo sempre a atenção no estado corporal.

Bom senso sempre! Eficiência na ação, não pró-forma.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Corpo: Testemunha Ocular

Traçar paralelos, integrar homem e meio ambiente, focar e reconhecer o corpo humano em toda sua complexidade como uma parte do todo, sendo considerado concomitantemente, espaço ocupado e ocupando um espaço no meio ambiente tem sido objeto de investigação do blog.

Na vida, o corpo é certamente um magnífico canal de percepção, sensibilização e comunicação. Por isto, insistir no valor da experiência corporal como recurso para entendermos o que se passa lá fora.

Para ilustrar, lembre-se de alguma situação prazerosa que passou em viagens, no alto da montanha, ou em algum parque, embaixo de uma árvore sentindo o molhar da chuva, o som do vento, o cheiro do mato... Nosso corpo através de milhões de receptores captou cada uma das sensações que ficaram na memória.

E assim também, com as experiências menos agradáveis como o mau cheiro do rio poluído, do gás ácido dos escapamentos, o barulho infernal das grandes vias de trânsito (consegue andar a pé na Av Bandeirantes incólume?), a poluição visual. Está tudo registrado em você, em seu corpo.

No dia a dia, nos expomos e passamos por várias situações boas ou não, interagindo com o meio e a vida, com esse veículo ou casa móvel inata, o corpo.

Assim, ao tratar qualquer assunto sobre meio ambiente e sustentabilidade não deveríamos ignorar nossa experiência corporal. Antes de analisar, teorizar sobre algo referente ao tema é interessante ter a consciência que você já teve muitas informações através deste outro canal,  sentindo,  percebendo, interagindo em muitas situações, a vida toda e a todo momento.

Esta é apenas uma mostra do valor do corpo em nossa vida. Óbvio sim. E também, concordamos que ter um corpo saudável e ágil é bom para ampliarmos experiências. 

Então, pensemos em tudo isto,  respeitando e oferecendo boas práticas a nós, ao corpo. Poupando-o de impactos negativos, otimizando ações, dando-lhe eficiência sem desprender uma enérgia excessiva. 

Lembre-se: ele será sempre a testemunha ocular de nossas escolhas e vivências.